Os programas de aprendizagem exigem um planejamento bem pensado e detalhado para otimizar a absorção do conteúdo e eficácia do treinamento. Para ajudar a construir esses programas de ensino, é necessário saber o que é design instrucional.
Este termo refere-se ao rico processo de engenharia pedagógica que está por trás da concepção das mais diversas sistemáticas de ensino.
Continue acompanhando a leitura e saiba mais sobre como aplicar o design instrucional na sua empresa!
O que é design instrucional?
Também conhecido como Design de Aprendizagem, ou Design Educacional, o Design Instrucional se refere ao processo de engenharia pedagógica que existe por trás da concepção de qualquer sistemática de ensino.
Em outras palavras, é o processo de criação do aprendizado. Ele contempla todo o conjunto de métodos e técnicas empregados no processo de desenvolvimento de cursos, construção de materiais didáticos e aulas, entre outros. Ou seja, insumos que serão objeto de aprendizagem.
Qual é o papel do design instrucional?
O Design Instrucional está presente em diferentes metodologias e métodos de ensino.
Ultimamente, ele tem sido muito identificado dentro dos conceitos de e-learning e EAD. Isso se deu especialmente após os anos 1990, quando a popularização de muitas tecnologias permitiu o florescimento deste mercado.
Mas afinal, qual é o papel do Design Instrucional? Para começar, um processo educacional baseado em engenharia pedagógica permite:
- Desenvolver habilidades;
- Estabelecer objetivos claros;
- Ampliar a retenção de aprendizagem;
- Usar com eficiência recursos e tecnologias;
- Obter consistência entre objetivos e resultados;
- Transferir informações com clareza de compreensão.
Papel do design instrucional na educação a Distância
O design instrucional é uma peça fundamental para a educação a distância. Isso porque o formato exige estratégias diferentes das utilizadas presencialmente.
No EAD, cabe ao professor criar nos estudantes a motivação e o engajamento com as tarefas e conteúdos. A implementação se torna algo mais viável com a implementação das ferramentas certas.
Qual a diferença entre design instrucional e educacional?
Para entender a diferença entre design instrucional e educacional, é necessário ter em mente dois conceitos importantes:
- Instrução: diz respeito à transmissão de conhecimento ou formação de determinada competência;
- Educação: diz respeito à aplicação de métodos para assegurar a formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de uma pessoa.
Portanto, os termos design instrucional e educacional podem ser diferenciados a partir dessas definições.
Contudo, muitos estudiosos consideram as expressões como sinônimos, ou seja, você pode escolher qual utilizar (Vale ressaltar que o termo design instrucional é o mais utilizado atualmente).
Quais os tipos de design instrucional?
Não existe apenas um formato ou modelo para construção do design instrucional na criação do aprendizado.
Como esta metodologia se distingue por seu caráter metódico e envolve várias etapas processuais (análise, planejamento, desenvolvimento e avaliação), existem vários modelos e teorias aplicadas a este conceito.
Os trabalhos começam sempre a partir das respostas a três perguntas importantes:
- Para onde queremos ir? (Objetivos)
- Como faremos para chegar lá? (Estratégias)
- Como chegamos até nosso objetivo? (Avaliação)
De forma geral, o Design Instrucional pode ser dividido em três modelos básicos e abrangentes: fixo, aberto ou contextualizado.
Temos então um caminho diferente a seguir para cada realidade e necessidade educacional. Vamos ver com mais detalhes do que estes caminhos são formados:
DI fixo
O modelo de DI fixo (ou fechado) é baseado na separação completa entre concepção e execução do treinamento.
Neste modelo, a ênfase está no planejamento prévio de todo o conteúdo. Este, fica a cargo do designer responsável e ocorre independente do fluxo de aprendizado que ocorrerá na aplicação do curso. É um desenvolvimento mais processual.
DI aberto
Já no modelo de DI aberto, o processo de aprendizado é mais importante. Neste formato o destaque fica por conta das interações pessoais, sendo possível aperfeiçoar ou modificar diversos conteúdos e processos durante o desenrolar do curso.
Neste modelo, o designer tem como principal material de trabalho o feedback que recebe das pessoas reais que estão em treinamento.
DI contextualizado
O modelo de DI contextualizado é, na verdade, uma mistura entre o DI fixo e o DI aberto.
Ou seja, uma combinação entre processos pré-estabelecidos e interações humanas, que permite maior flexibilização e personalização sobre o resultado esperado para determinado curso.
Como funciona o design instrucional?
Existem diversos modelos que representam as etapas do processo de DI. Porém, o modelo ADDIE é um dos mais utilizados e fáceis de aplicar.
A sigla refere-se aos passos que devem ser seguidos para executar o método com eficiência, confira!
Analisar
Essa etapa consiste em analisar o cenário e identificar os problemas de aprendizagem que precisam ser solucionados.
Esses problemas são o gap entre o desempenho esperado pelos colaboradores e o que eles realmente possuem, indicando as competências que precisam ser trabalhadas.
Além do levantamento das necessidades de aprendizagem, as etapas são:
- Análise dos objetivos;
- Análise do público-alvo;
- Levantamento das condições de infraestrutura.
Planejar
Nesta etapa de planejamento, serão definidas as ações necessárias para resolver os problemas instrucionais identificados, como: o formato de treinamento; quem serão os instrutores; as mídias e ferramentas que serão utilizadas; as metodologias de ensino; materiais didáticos; etc.
As questões que devem ser pensadas nessa fase são:
- Como motivar os alunos?
- Como será sequenciado o conteúdo?
- Quais são as melhores estratégias de ensino?
- Quais são as mídias e modelos de treinamento mais adequadas?
Busque detalhar o máximo possível! Quanto melhor for o planejamento, mais fácil será executá-lo.
Desenvolver
É muito importante produzir conteúdos de fácil compreensão. Ou seja, simples para os que os alunos entendam como um todo.
Evite conteúdos longos e use conteúdos interativos para alcançar o engajamento dos colaboradores.
Além disso, é importante avaliar o desempenho do programa ao longo do desenvolvimento para ajustá-lo, fazendo as melhorias necessárias antes dele ser implementado.
Por fim, analise se o produto desenvolvido está de acordo com o plano instrucional ou se há alguma forma de melhorá-lo.
Implementar
Para evitar problemas, aplique um curso piloto a um pequeno grupo de pessoas e avalie seu desempenho.
Dessa forma, é possível corrigir possíveis problemas antes do programa ser implementado em uma escala maior.
Avaliar
A etapa de avaliação consiste em verificar: se os objetivos definidos inicialmente foram atingidos; se o programa de aprendizagem foi eficiente; e se há pontos que precisam ser melhorados para programas futuros.
Para isso, é possível utilizar indicadores de treinamento, capazes de demonstrar, em números, o nível de eficácia dos treinamentos aplicados.
Quais são as vantagens do DI?
Confira agora as principais vantagens do Design Instrucional nas empresas:
- Customização dos cursos conforme o público-alvo;
- Estímulo às metodologias ativas de aprendizagem;
- Protagonismo do aluno no desenvolvimento de competências;
- Redução dos custos com ações formativas eficazes;
- Valorização do processo de aprendizagem.
Quais são os principais modelos de design instrucional?
Dentre os modelos de design instrucional, os principais são:
1. ADDIE
Como já abordado anteriormente, o modelo ADDIE é um dos mais utilizados no design instrucional. Veja abaixo o significado de sua sigla:
- Analysis (Analisar);
- Design (Planejar);
- Development (Desenvolver);
- Implementation (Implementar);
- Evaluation (Avaliar).
2. ASSURE
O modelo ASSURE foi desenvolvido por Heinrich e Molenda em 1999. É o mais adequado para a abordagem de aprendizagem combinada. Confira abaixo o significado de sua sigla:
- Analyze learners characteristics: análise do perfil dos alunos;
- State objectives: declaração dos objetivos daquela ação formativa;
- Select, modify or design materials: escolha das mídias e dos conteúdos;
- Utilize materials: planejamento para o uso dos materiais escolhidos;
- Require learner response: envolvimento dos estudantes no processo de ensino;
- Evaluation: avaliação do que realmente foi assimilado no curso.
3. Os 9 eventos de instrução de Gagné
Segundo Robert Gagné, existem “condições mentais” para a absorção do conhecimento. Veja abaixo os 9 eventos de instrução de Gagné:
- Fazer uma boa introdução para chamar a atenção;
- Informar sobre os objetivos e critérios de avaliação;
- Estimular a lembrança das aprendizagens anteriores;
- Apresentar o conteúdo sem sobrecarga de informação;
- Prestar suporte e orientação aos alunos, se necessário;
- Engajar os alunos para favorecer o desempenho nos estudos;
- Fornecer (e receber) feedbacks para aprimorar o aprendizado;
- Avaliar o desempenho, conforme os critérios que foram divulgados;
- Usar recursos para reter o conteúdo, com a aplicação prática do conteúdo.
4. Princípios da instrução de Merrill
Para David Merrill, existem 5 princípios da aprendizagem. Confira abaixo os princípios da instrução de Merrill:
- Tarefa: relacionar o conteúdo com as situações do mundo real;
- Ativação: ativar uma base de conhecimento já existente e fazer conexões;
- Demonstração: usar narrativas e recursos visuais para a retenção na memória;
- Aplicação: alunos podem aplicar os temas por conta própria (e aprender com isso);
- Integração: possibilidade de integrar o conhecimento, com discussões e reflexões.
5. Modelo Morrison, Ross e Kemp
Conhecido como modelo Kemp, aqui há 9 estágios circulares e lineares:
- Identificar problemas e metas;
- Examinar o perfil dos alunos;
- Selecionar o conteúdo a ser abordado;
- Estabelecer os objetivos instrucionais;
- Sequenciar o conteúdo em unidades instrucionais de aprendizagem lógica;
- Projetar estratégias para que cada aluno domine os objetivos;
- Planejar a mensagem instrutiva, bem como o método de entrega;
- Desenvolver mecanismos para avaliar os resultados;
- Selecionar os recursos de apoio às ações formativas.
6. Dick and Carey Systems Approach Model
No modelo de Dick e Carey, o fluxo de aprendizado leva em conta:
- Objetivos de aprendizado: considerando habilidade, conhecimento ou atitude;
- Análise instrucional: verificar o que o aluno deve fazer e/ou relembrar na tarefa;
- Contexto e alunos: características gerais, habilidades prévias, vivências, etc.;
- Critérios: pontos-chave para a avaliação do desempenho;
- Ferramentas de avaliação: aplicação de provas, problemas e exercícios;
- Estratégia de ensino: atividades, apresentação de conteúdo e avaliação;
- Materiais didáticos: temas alinhados com os objetivos de aprendizagem;
- Avaliação formativa: aprimoramento dos materiais didáticos e métodos;
- Revisar o ensino: verificar as oportunidades de melhoria;
- Classificação dos alunos: avaliação somativa, conforme o nível de aproveitamento.
7. Bloom’s Taxonomy
A pirâmide de Bloom pode ser definida da seguinte maneira, do topo para a base:
- Criar: produzir materiais originais;
- Avaliar: verificar e justificar as decisões;
- Analisar: fazer conexões entre as ideias;
- Aplicar: usar a informação em novas situações;
- Entender: explicar os conceitos envolvidos;
- Relembrar: retomar os conteúdos estruturantes.
Como aplicar as técnicas de design instrucional?
Para inserir o DI em seu processo de ensino ou comunicação, é necessário pensar na sua estratégia de forma geral.
Ou seja, qual formato você tem utilizado e quais não estão sendo aproveitados? Seu conteúdo está sendo compreendido? Seus slides também comunicam algo ou são apenas ilustrações?
Essas são apenas algumas ideias importantes para começar a pensar no seu processo de ensino. Além disso, outras questões importantes a se considerar, são:
Defina seus objetivos e metas
Normalmente, ao se comunicar ou explicar algo a alguém, o objetivo é que a pessoa aprenda aquilo que está sendo explicado para ela.
Porém, também é necessário pensar nos passos que estão sendo dados para atingi-la, ou seja, o caminho entre a explicação e objetivo alcançado.
Ao definir uma grande meta, é necessário determinar pequenos objetivos para auxiliar no nosso caminho. Por isso, para que a pessoa entenda seu conteúdo como um todo, primeiro será necessário que ela entenda cada parte do material de forma ramificada.
Dessa forma, você cria uma aprendizagem em níveis por meio da definição de objetivos de ensino. O Design Instrucional auxilia na organização dessas informações, criando os degraus até o objetivo final.
Foque na experiência do usuário
Atualmente, fala-se muito na experiência do usuário no ramo do design. Por isso, é necessário tornar essa experiência a mais intuitiva possível nos seus conteúdos.
Para isso, crie materiais que sejam esteticamente agradáveis para o público ao qual ele se destina. Isso fará toda a diferença durante a explicação de uma matéria ou informação.
Estude a comunicação do seu público
É importante entender como o seu público se comunica para evitar que barreiras na comunicação sejam criadas.
Para isso, busque compreender aquilo que seu público consome, como por exemplo, quais músicas ouve, que filmes assiste, etc. Dessa forma, será mais fácil se aproximar dos colaboradores com os quais está se comunicando.
Defina o formato do treinamento
O treinamento pode ser aplicado de diversas formas, seja de forma presencial ou virtual.
Porém, o formato EAD tem sido o mais utilizado atualmente nas organizações, fazendo parte de 89% das empresas com universidade corporativa.
O formato EAD traz diversos benefícios dentro do contexto do design instrucional. Confira abaixo os principais:
- Permite configurar trilhas de aprendizagem capazes de organizar o conteúdo conforme o plano instrucional e seus objetivos. Essas trilhas são atribuídas de forma personalizada aos colaboradores conforme o que precisam aprender;
- Permite a utilização de vários recursos e ferramentas de ensino, como jogos, vídeo aulas, e-books e reuniões;
- Oferece indicadores que possibilitam acompanhar o progresso do desenvolvimento dos colaboradores, avaliar a eficiência dos programas de treinamento e as necessidades de aprendizado apresentadas durante o processo de ensino.
Além disso, os treinamentos EAD quebram as barreiras geográficas, otimizam o tempo, diminuem os custos e ajudam na padronização dos cursos.
Agora que você já sabe o que é design instrucional e como aplicá-lo, confira quais são os problemas mais comuns gerados pela falta de treinamento nas empresas!